segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O caderno vermelho com bolas azuis

Ao seu redor tudo branco e frio! Parecia neve, mas não era neve. Ninguém conseguiria se manter viva diante de tanto gelo apenas usando uma regata e shorts. Naquele lugar não havia nem um movimento de humanos, apenas algumas aves planavam sob a neblina que aplacava aquela solidão. Porque uma menina de apenas sete anos estava ali sozinha. Como havia chegado? Acomodada no meio da paisagem cinza ela sentia medo e às vezes choramingava. Trazia consigo uma pequena caderneta de capa vermelha com bolas azuis e um lápis. Escrevia com tanta fúria como se quisesse colocar naquele caderno todos os assombros que habitavam sua mente. Pensava como tinha ido parar naquele lugar, apesar de ser a sétima ou oitava vez, ela não recordava o que a levava até lá e nem o caminho.Só lembrava que do outro lado ela vivia uma vida alegre, acompanhada de sua família e amigos. Que comia algodão doce aos sábados e passeava de bicicleta com seus pais. O único item que figurava em suas duas vidas era o caderno vermelho de bolas azuis, mas tanto de um lado quanto do outro, apesar de escrever sempre, as páginas apareciam em branco. Era como procurar algo no vazio. Na paisagem cinza perdia a noção do tempo, não sentia sede, nem fome. Tinha apenas medo e uma necessidade de entendimento gigante, porém, quando estava chegando perto de desvendar o grande mistério, aparecia de volta em sua casa, assustada porque o tempo não tinha passado e tudo estava como antes. Por uma semana respirava aliviada quando então se percebia sentada novamente no meio do cinza com seu caderno, sem uma linha escrita, apesar, das horas que gastava escrevendo aqui e lá ou lá e aqui.

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